Caminho pela noite sem destino. Não me lembro de onde venho, tampouco sei para onde vou. Com as mãos nos bolsos, ignoro as putas e os mendigos. Olho para os pés, um passo depois do outro. Um dia erguerei o rosto e verei para onde meus pés me levaram.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Sem destino
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Sonhar
Certa vez sonhei que voava. Por acaso, ganhei consciência do estado de sonho e consegui controlar o que acontecia. Nunca aconteceu de novo.
Hoje eu sonhei que voava, e o despertador me trouxe de volta à realidade, e fica um resquício de frustração, por saber ser apenas um sonho.
Alguns dizem que deveríamos poder escolher o que sonhar.
Para mim, escolher o que não sonhar já seria um grande progresso. Evitaria a frustração do despertar.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Um ano
E faz um ano que mudei de vida. Um ano desde que acabou meu casamento. Sinto saudade das coisas boas, mágoa pelas ruins, tristeza pela perda, alívio pelo recomeço. Foram 7 anos, não dá pra fingir que não existiu, que não importou. E é importante se lembrar dessas coisas. Uma amiga certa vez me disse que ela anotava em um diário tudo o de ruim que lhe fizeram para que ela não esquecesse nunca, para não se permitir fazer aquilo a outros. Eu a entendo.
Não foi fácil, este ano. Muitas, muitas mudanças, muitas alterações de estado, de disposição... É estranho olhar pra trás e ver que faz um ano. Curioso como o tempo não é absoluto. Um ano é muito e pouco ao mesmo tempo. O passado de um ano é ao mesmo tempo remoto e recente.
Nesse ano aprendi muitas coisas, cresci, lutei, sobrevivi... e descobri que quem mais te machuca é quem você confia pra lhe guardar as costas. E justamente por isso é que me preocupo tanto em não machucar ninguém.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Amigo meu
Tenho um amigo que inventou de fazer blog uma vez. Era pra ser uma coisa introspectiva, pensamentos particulares.. então não colocou nos engines de busca, e não contou pra ninguém, nem pra esposa.
Eventualmente, uns outros amigos descobriram, e o blog desse amigo meu durou um ano e pouquinho.
Meu blog é diferente. É introspectivo, mas é uma coisa peito aberto, quem quiser ler, que leia, este sou eu, alma desnudada, lavada, exposta. Não é segredo, mas é íntimo. Não escrevo com censura, não me limito pensando na platéia. Sou eu, assim, aqui. Só.
Solidão
O mundo é um antigo filme preto-e-branco. Olho à minha volta, não encontro os óculos escuros para me proteger da luz ofuscante que me envolve. Cego, sigo tropeçando no cenário abandonado de uma peça há muito esquecida. O pianista do cinema, bêbado, cai sobre o piano em lá menor, enquanto na tela muda, eu me sento e espero, sem desejo de voltar para a estrada, onde um cão sem dono aguarda para lamber-me a mão.
terça-feira, 8 de abril de 2008
Gostar
Me apaixono muito facilmente.
Por pessoas, por coisas, por idéias. Quando gosto, gosto de verdade. Não sei gostar mais ou menos. Por mais que veja e reconheça os defeitos, isso não diminui o meu gostar, acho que faz parte do todo, não dá pra gostar pela metade.
Nesse período de auto-revisão pré-30, estou me revisitando, me analisando como faria ao ver um quadro pela primeira vez. Redescobrindo coisas que gosto, que não gosto, que me fazem bem e que me fazem mal.
Redescobri que gosto de sorvete, de música ao vivo, de praças vazias, de andar na cidade de manhã. Não gosto de estar com alguém de quem eu não goste de verdade, não gosto de não saber onde piso, de não ter perspectiva, de não saber pra onde vou.
Finalmente eu vi que com a companhia certa, até os lugares mais improváveis ganham sua magia, e que lugares fantásticos perdem a cor quando se está só.
E é por isso que quando encontro algo de que gosto, quero mais, e muito, e tanto. Quero aproveitar cada minuto, quero descobrir cada pedacinho, quero entender, apreciar, degustar cada detalhe.
domingo, 6 de abril de 2008
Violão
Cresci ouvindo violão.
Sonhei ouvindo violão.
Chorei, vivi, sofri, sorri.
Tudo ouvindo violão.
Já era hora de eu me aproximar mais desse amigo tão antigo.
Retrospectiva I - Aprendizado
Faltam exatamente 30 dias para meus 30 anos. E nesse terço de vida até que aprendi algumas coisas.
Aprendi que respeito tem que ser uma coisa mútua, você respeitar não traz automaticamente o respeito do outro.
Aprendi a construir, destruir e reconstruir.
Aprendi que a casa não é lar só pelo fato de a chamarmos de lar.
Aprendi pessoas, aprendi culturas, comidas e canções.
Aprendi a gostar.
Aprendi a dizer que não gosto.
Aprendi a dizer que não. Ponto.
Aprendi a escutar.
Aprendi que não aceito sem entender.
Aprendi a abrir os braços, expor o peito e deixar que atirem.
Aprendi que sem pensar eu me jogo na frente, feroz, protegendo quem é importante para mim.
Aprendi que quero mais.
Aprendi que quero pouco.
Aprendi que às vezes, o pouco é mais, se for o pouco certo.
Mas acima de tudo, aprendi que realmente é impossível ser feliz sozinho.