2008 foi um ano de reconstrução. De juntar os cacos, fazer curativos, riscar o passado. Foi um ano de amar muito, e não importa que não tenha dado em nada. Valeu o amar, o saber que ainda é possível sentir isso, que as cicatrizes não petrificaram o coração. Foi um ano de escrever, de maneira inconstante, mas honesta, aberta. De ir em frente, arriscar, de largar o guarda-chuva em casa e sentir o gosto da água que cai do céu, mesmo que seja fria e imprevisível. De escutar meu nome nos ecos soprados pelo vento, tentar responder e não encontrar nada lá. De aceitar que, embora a companhia faça toda a diferença, isso não é algo que se arranca de alguém.
Foi o ano de casa nova, de corpo e alma. De escrever os erros na parede da sala, para não me esquecer deles, e guardar os acertos em envelopes na cabeceira da cama, para saborear mais uma vez antes de dormir. Foi neste ano que eu quis congelar o tempo, rodar horas para trás, escutar outros sons, ir a outros lugares, ver outras pessoas, provar outros sabores, me envolver noutras cores.
Reconstruí meu castelo, mas com portas amplas, sem chave na porta, para meus amigos entrarem. Cuidei do meu tempo, do meu futuro e do meu passado, mas ignorei um pouco o presente. Me vi de repente em turbilhões, querendo despertar para me descobrir em meio a um sonho tumultuado.
Está quase acabando. Daqui a pouco vejo o que está realmente acontecendo à minha volta. O pior já foi, agora é só esperar a poeira baixar.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Retrospectiva
Natal
Não me importa o lado religioso da coisa tampouco o aspecto consumista.
Eu gosto de Natal porque é a época na qual eu reencontro pessoas que são importantes para mim, e quando eu entro naquela retrospectiva de "como eu cheguei aqui?", quando começo a esboçar os planos de "para onde eu quero ir, quem vai comigo, quem fica no passado?"
Sempre imagino que o telefone vá tocar, que alguém do outro lado me surpreenderia e que eu, atordoado, cairia de joelhos no chão tentando juntar as palavras que me teriam caído das mãos, tentando montar uma resposta, tentando dizer o quanto significa para mim saber que sou importante para alguém.
Neste Natal, antes de chegar à árvore, recebi os melhores presentes; os telegramas não eram de aracaju nem do alabama, mas me senti como criança ganhando doce ao ver as mensagens chegando no celular.
Um feliz Natal, uma feliz vida, tudo de bom para todos.
Agradeço aos meus amigos por fazerem parte da minha vida, um beijo enorme, um abraço apertado, e mais pieguice no natal do ano que vem.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Convite
Vem comigo, deixa-me te mostrar um mundo que você não achava possível. Complicado, perfeito, mas ao mesmo tempo, livre, sem regras. Me dê a mão, deixe o medo de lado. O pior que pode acontecer é um tropeço no caminho, o retorno ao início, mas pelo menos não haverá a sombra do "e se...?"
Ou vamos esperar até que seja tarde demais?
Tarde demais
Um dia ela chegará tarde demais. E ela se sentará nos degraus da festa, descalça, imaginando o que poderia ter sido.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Largada
Os músculos retesados, a mente afiada, os ouvidos atentos. Cada nervo carregado, pronto para a largada. Nada do passado importa, só o agora, e o que vem pela frente. A estrada que me trouxe até aqui é meu caminho, isso não se muda, e nem quero. Devo ao meu passado o que me tornei. Bom ou ruim, este sou eu.
A estrada à frente é difusa, incerta, acho que preciso de novos óculos. Talvez lentes de contato, mudar, mudar mais, ajustar, até encontrar meu novo domínio.
Impaciente, ansioso, incauto até, não espero o tiro, e parto, vento no rosto, peito aberto, em direção ao futuro que me espera.