sexta-feira, 11 de abril de 2008

Solidão


O mundo é um antigo filme preto-e-branco. Olho à minha volta, não encontro os óculos escuros para me proteger da luz ofuscante que me envolve. Cego, sigo tropeçando no cenário abandonado de uma peça há muito esquecida. O pianista do cinema, bêbado, cai sobre o piano em lá menor, enquanto na tela muda, eu me sento e espero, sem desejo de voltar para a estrada, onde um cão sem dono aguarda para lamber-me a mão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Piano Bar
Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger

O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde, eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor

O que você não pode, eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir
Diga a verdade, doa a quem doer
Doe sangue e me dê seu telefone

Todos os dias eu venho ao mesmo lugar
Às vezes fica longe, impossível de encontrar
Mas, quando o neon é bom
Toda noite é noite de luar

No táxi que me trouxe até aqui Julio Iglesias me dava razão,
No clip Paul Simon tava de preto, mas na verdade não era não...
Na verdade nada é uma palavra esperando tradução

Toda vez que falta luz
Toda vez que algo nos falta
O invisível nos salta aos olhos
Um salto no escuro da piscina

O fogo ilumina muito por muito pouco tempo (muito pouco tempo)
Em muito pouco tempo o fogo apaga tudo
Tudo um dia vira luz
Toda vez que falta luz
O invisível nos salta aos olhos

Ontem à noite eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia
Era o princípio num precipício
Era o meu corpo que caía

Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão

Ontem à noite eu conheci uma guria que eu já conhecia
de outros carnavais com outras fantasias
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão

No início era um precipício um corpo que caía
Depois virou um vício (Foi tão difícil) acordar no outro dia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão

Anônimo disse...

Valsa brasileira

(Edu Lobo e Chico Buarque)

Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer